EUA lançam campanha de autodeportação com ajuda de custo de US$ 1.000
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil causou polêmica nesta quarta-feira (23) ao publicar, nas redes sociais, uma mensagem inusitada para promover o programa de autodeportação do governo americano. Com tom irônico e fazendo referência ao clássico filme “E.T. – O Extraterrestre”, o post dizia: “Se você está nos EUA ilegalmente, faça como o E.T.: é hora de ligar para casa.”
A publicação também destacava o uso do aplicativo CBP Home, plataforma do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) que permite ao imigrante indocumentado organizar seu retorno ao país de origem de forma voluntária. O programa oferece ajuda de custo de US$ 1.000 (aproximadamente R$ 5.500), além de cobertura das despesas de viagem e perdão de multas por permanência irregular.
Segundo o site oficial do programa, o objetivo é permitir que o retorno seja feito de forma “ordenada, legal e com dignidade”, garantindo que a pessoa tenha tempo para concluir trabalhos, estudos ou resolver assuntos pessoais antes de partir.

Uma política com rosto mais “humano”?
Embora o tom da campanha seja controverso, a estratégia faz parte de uma política mais ampla da administração Trump, que busca ampliar os números de deportações nos EUA. Ao mesmo tempo em que incentiva a saída voluntária com benefícios, o governo americano está retomando esforços mais rígidos no cumprimento das leis de imigração.
De acordo com a CNN, o Departamento de Segurança Interna enviou um comunicado a ex-agentes do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas), convocando-os a retornar ao serviço ativo. A proposta inclui um bônus de até US$ 50 mil (cerca de R$ 280 mil) como incentivo para atuar na chamada “Operação Retorno à Missão”, que pretende acelerar o cumprimento das cotas de deportação.
O e-mail enviado pelo ICE afirma: “Você serviu aos Estados Unidos da América com distinção e honra. Agora, seu país o convoca para servir mais uma vez.”
Impacto para brasileiros nos EUA
A campanha e os incentivos para auto deportação preocupam comunidades de imigrantes, incluindo os brasileiros que vivem nos EUA em situação irregular. A proposta de “partir com dignidade” pode parecer mais branda do que a deportação forçada, mas muitos enxergam nela uma tentativa de mascarar políticas de exclusão.
É importante lembrar que quem opta pela saída voluntária pode, em certos casos, ter menos restrições para retornar legalmente aos EUA no futuro, algo que não ocorre com quem é deportado compulsoriamente, muitas vezes enfrentando punições de até 10 anos sem poder entrar no país.
Para os brasileiros que vivem essa realidade, é essencial se informar, buscar aconselhamento jurídico e entender todas as implicações antes de tomar qualquer decisão.