Eu sou filha de um homem que não suportou o peso das dívidas. Cresci marcada pela dor de perder meu pai para o suicídio, e é por isso que digo com firmeza: eu tenho lugar de fala. A minha história não é apenas sobre uma perda, mas sobre como a falta de apoio, a sobrecarga emocional e a ausência de organização financeira podem levar uma vida inteira ao limite.
Meu pai carregava sozinho a responsabilidade de sustentar nossa família. Ele sonhava em nos dar uma vida melhor, mas, sem planejamento, acumulou dívidas e mais dívidas, abrindo empresas que não davam certo. Com a pressão financeira, a depressão silenciosa e os problemas de saúde, ele se calou. Não pediu ajuda. E, infelizmente, tirou a própria vida. A dor que fica na família é insuportável. A vida financeira desmorona, o emocional é destruído e as marcas ficam para sempre.
E essa realidade não é apenas da minha família. Nos Estados Unidos, mais de 49 mil pessoas morreram por suicídio em 2022 — uma a cada 11 minutos. Entre elas, imigrantes representam até 15% dos casos. Muitos chegam com sonhos e promessas, mas encontram barreiras de idioma, solidão, dívidas e a pressão de sustentar a família aqui e no país de origem. Jovens imigrantes, especialmente, enfrentam taxas mais altas de tentativas de suicídio. Isso mostra o quanto precisamos falar sobre esse tema com coragem e empatia.
Mas eu não quero falar só da dor. Quero falar da superação. Aprendi que quando a família se une, quando existe diálogo e apoio, a dor pode se transformar em força. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza — é sinal de coragem. É um ato de amor, tanto para quem sofre quanto para quem está ao redor.

O Setembro Amarelo nos lembra disso: a vida sempre vale mais do que as dívidas, mais do que os problemas temporários. Por isso, deixo aqui um pedido de coração às famílias: cuidem uns dos outros, falem sobre o que dói, e se preciso, procure ajuda profissional. Porque quando caminhamos juntos, sempre existe um recomeço. Sempre existe vida.


3 Comentários
Sabrina, que texto de muita coragem e esperança! O Setembro Amarelo nos lembra que a vida vale mais do que dívidas ou dores temporárias, e a sua história me tocou profundamente. Obrigada por compartilhar de forma tão verdadeira e por inspirar tantas pessoas a buscarem apoio e acreditarem que sempre existe um recomeço. A sua voz traz força e empatia para quem precisa ouvir que não está sozinho.
Sabrina, seu texto é de uma coragem imensa.
É preciso muita força para compartilhar uma história tão íntima e transformá-la em mensagem de superação. Que suas palavras alcancem corações e lembrem a todos nós da importância de cuidar uns dos outros.
Que relato forte e necessário! Obrigada por compartilhar sua história com tanta coragem. Precisamos mesmo falar mais sobre saúde mental e apoiar uns aos outros. 💛