O café ficou mais amargo — e mais caro — para os consumidores americanos. Os preços do café no varejo dos Estados Unidos subiram 21% em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Trata-se do maior aumento anual desde outubro de 1997.
Na comparação mensal, o preço do café subiu 4% — o maior salto em 14 anos.
Brasil na mira: tarifas de até 50% elevam custos
Grande parte dessa alta é atribuída ao tarifaço do presidente Donald Trump sobre produtos importados, especialmente do Brasil, que é o principal fornecedor de café para os EUA.
As importações brasileiras passaram a enfrentar uma tarifa de 50%, uma das mais elevadas aplicadas pelos Estados Unidos a qualquer país. De janeiro a junho deste ano, o Brasil exportou US$1,172 bilhão em café aos EUA.
“O impacto das tarifas ainda não foi totalmente sentido, mas os preços devem ultrapassar facilmente os recordes anteriores nas próximas semanas”, alertou Diane Swonk, economista-chefe da KPMG.

🌍 Tarifações também atingem Colômbia e Vietnã
Além do Brasil, outros grandes produtores também estão sendo penalizados:
- Colômbia (2º maior fornecedor): tarifa de 10%
- Vietnã (3º maior fornecedor): tarifa de 20%
Com isso, o custo das importações disparou — um problema sério para os EUA, que dependem de importações para 99% do café consumido no país, segundo a Associação Nacional do Café.
🛒 Marcas repassam aumento aos consumidores
Apesar das tentativas iniciais de absorver os custos, grandes marcas e cafeterias já começaram a repassar os aumentos para os consumidores.
A JM Smucker ‘s, dona das marcas Folgers e Café Bustelo, anunciou que deve aplicar o terceiro reajuste de preços neste inverno. A empresa já havia elevado os preços em maio e agosto.
Cafeterias locais também estão sentindo a pressão. Em Nova Orleans, a rede French Truck Coffee adicionou uma tarifa de 4% aos pedidos para compensar os custos.
☕ Starbucks segura preços… por enquanto
A Starbucks, maior rede de cafeterias do mundo, afirmou que está temporariamente protegida dos aumentos devido à sua estratégia de compras antecipadas.
“O impacto das tarifas ainda está abaixo do mercado, e esperamos que o aumento real nos custos do café atinja seu pico apenas em 2026”, disseram executivos da empresa em teleconferência de resultados em julho.

