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Setembro Amarelo: O Peso que o Homem Carrega em Silêncio

O silêncio que sufoca

Na semana passada, compartilhei a minha história como filha de um homem que não suportou o peso das dívidas e tirou a própria vida. Hoje, quero continuar essa reflexão falando sobre um aspecto pouco discutido: o peso que o homem carrega em silêncio.

Meu pai acreditava que precisava ser forte, que não podia demonstrar fraqueza, que tinha de ser o provedor absoluto da família. Minha mãe não trabalhava fora, éramos quatro filhas, além da minha avó e minha tia que também viviam conosco. Toda a responsabilidade recaía sobre ele. Movido pelo desejo de nos dar uma vida melhor, assumiu dívidas, abriu empresas, acumulou pressões e preocupações. Mas não pediu ajuda. O silêncio o consumiu — e, com ele, toda a nossa família sofreu.

A masculinidade imposta pela sociedade

Essa realidade não foi só a dele. Muitos homens vivem exatamente essa sobrecarga. A sociedade ainda transmite a ideia de que masculinidade significa suportar tudo calado, sem demonstrar fragilidade. O peso de ser o provedor sufoca, e o medo de parecer “fraco” impede que muitos busquem apoio.

Mas é preciso quebrar esse ciclo. Pedir ajuda não é fraqueza. Pelo contrário: é coragem. Ser homem não significa carregar o mundo sozinho. Ser forte é reconhecer limites, dividir o fardo, abrir o coração e permitir-se ser cuidado.

Quando eu senti o mesmo peso

Eu falo isso também da minha própria experiência. Depois do meu divórcio, senti na pele o que é ser provedora. Sustentar uma casa, cuidar das filhas e administrar as responsabilidades financeiras me fez entender de forma muito mais profunda o peso que meu pai carregava. E isso me trouxe uma certeza: homens também precisam de acolhimento, compreensão e espaço para expressar suas dores.

Um convite à coragem e ao cuidado

Neste Setembro Amarelo, deixo um recado especial aos homens: a sua vida vale mais do que qualquer dívida, mais do que qualquer papel de provedor. E se existe um passo fundamental, é buscar ajuda profissional. Conversar com um terapeuta ou psicólogo pode ser o caminho para ressignificar a dor e encontrar equilíbrio.

Se for mais confortável, procure um terapeuta homem — alguém que possa trazer uma visão masculina e ajudá-lo a compreender essa masculinidade ferida que a sociedade impôs. Esse cuidado não diminui sua força, ele amplia. Porque só quando o homem aprende a cuidar de si é que pode, de fato, cuidar dos outros.

E, se você ou alguém que você conhece estiver passando por uma crise, saiba que existe ajuda disponível. Nos Estados Unidos, basta ligar para o 📞 988 – Suicide & Crisis Lifeline, disponível 24 horas por dia, em inglês, espanhol e também em português por meio de intérprete. Não carregue esse peso sozinho: pedir ajuda pode salvar a sua vida. 🌻

📍 Ajuda em Massachusetts: além da linha nacional 988, quem mora em Massachusetts pode ligar para a Massachusetts Behavioral Health Help Line: 1 (833) 773-2445.

Esse serviço conecta você diretamente a ajuda clínica, de forma gratuita, confidencial e sem necessidade de seguro de saúde. Atendimento disponível em mais de 200 línguas — incluindo português — além de opções por chat e mensagem de texto.

Saiba mais em www.masshelpline.com.

Sabrina DeSouza

Colunista de Terapia Complementar – Zimny Magazine

@sabrinadesouzareal

Zimny Magazine

Conectando Brasileiros em Massachusetts

1 Comentário

  • Miriam

    Sabrina, que sensibilidade! 💛 A forma como você abordou o peso que muitos homens carregam é um alerta importante. É também um chamado para que muitas mulheres reconheçam e respeitem essa dedicação do homem pela família.

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