Durante visita oficial a Washington, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou a intenção do governo de simplificar o processo de atribuição de cidadania para descendentes cabo-verdianos que vivem nos Estados Unidos.
A medida busca responder ao crescente interesse de jovens da diáspora, muitos deles de segunda e terceira geração, e alguns que nunca visitaram o país, em se reconectarem com suas origens e obterem a dupla nacionalidade. “Verificamos aqui, em Washington, uma participação ativa da diáspora mais jovem, o que demonstra um interesse crescente pelo país e pelas raízes familiares”, afirmou o primeiro-ministro.
Correia e Silva explicou que o governo cabo-verdiano alterou recentemente a lei da nacionalidade, permitindo que até bisnetos de cidadãos cabo-verdianos possam requerer a cidadania de forma mais ágil e com menos burocracia. A iniciativa visa ampliar o acesso à nacionalidade e fortalecer o vínculo da diáspora com o país.
Embora reconheça que a comunidade em Washington seja pequena, com maior concentração nos estados de Massachusetts, Rhode Island e Connecticut, o líder cabo-verdiano ressaltou o orgulho da comunidade nos avanços do país, mencionando a estabilidade democrática, a boa governança e a reputação internacional de Cabo Verde como fatores que fortalecem esse sentimento de pertencimento.
A visita de dois dias a Washington fez parte das celebrações dos 50 anos de independência de Cabo Verde. Além de encontros com a diáspora, o primeiro-ministro manteve reuniões estratégicas com instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Durante a viagem, foi anunciado um novo programa de cooperação com o Banco Mundial, que prevê investimentos para os próximos dez anos, com foco no crescimento econômico, geração de empregos, redução da pobreza e aumento da resiliência nacional. Segundo Correia e Silva, esse foi o ponto alto da missão: “Estamos criando as condições para a transição de Cabo Verde de um país de rendimento médio-baixo para médio-alto.”
O chefe do governo também se reuniu com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, destacando a estabilidade macroeconômica do país e sua capacidade de resposta frente a crises globais. Comprometido com uma gestão fiscal responsável, o primeiro-ministro reafirmou que a redução da dívida pública será uma prioridade em seu governo, inclusive após as eleições legislativas de 2026.
Outro ponto de destaque da visita foi a valorização da cultura e das indústrias criativas como elementos estratégicos para o desenvolvimento. “As instituições financeiras começam a reconhecer a importância de investir não apenas na produção industrial, mas também na criação de valor econômico através da cultura”, celebrou.
A visita terminou com um balanço positivo e a promessa de um Cabo Verde cada vez mais próximo dos seus filhos espalhados pelo mundo.