Imigrar é uma travessia que vai muito além do aeroporto. É deixar um pedaço de si no país de origem e descobrir que, mesmo depois de meses ou anos, nem tudo chegou por completo ao novo país.
A vida imigrante não é feita só de trabalho, saudade e recomeços. Ela também é feita de silêncios psíquicos. Daqueles que ninguém vê mas que corroem por dentro. E é sobre isso que trata o artigo publicado na Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, uma análise profunda sobre o sofrimento mental de quem deixou sua terra para sobreviver em outra.
Sofrimento psíquico e imigração: uma relação invisível (e real)
Segundo o estudo, o processo migratório está frequentemente associado a rompimentos afetivos, perdas simbólicas e quebra de identidade. O sujeito imigrante experimenta um tipo de “luto sem corpo”, que não tem ritual, nem data definida para terminar.
“A saudade não é só de casa. É de quem você era quando estava lá.”
Além disso, a migração impõe uma reorganização psíquica. A língua nova pode silenciar a espontaneidade. A ausência de rede de apoio sufoca a expressão emocional. A necessidade de “dar certo” a qualquer custo, muitas vezes, mascara sintomas profundos de ansiedade, depressão, angústia ou apatia.
Quando a cultura não encaixa
O artigo também discute como a diferença cultural intensifica o sofrimento. Muitos imigrantes relatam que não se sentem totalmente pertencentes nem ao país de origem, nem ao de destino. É o que os pesquisadores chamam de “deslocamento subjetivo”: o corpo está num lugar, mas a mente não se sente em casa em lugar nenhum.
Isso pode gerar:
- Sensação de identidade fragmentada
- Dificuldade de estabelecer vínculos profundos
- Sentimento de não reconhecimento ou invisibilidade social
- Cansaço mental crônico

A urgência do cuidado psicológico
O estudo reforça algo que a Zimny tem observado de perto: o sofrimento psíquico do imigrante não pode mais ser ignorado. Buscar ajuda não é fraqueza. É sobrevivência.
A psicoterapia, especialmente com profissionais que compreendem o contexto migratório e falam a mesma língua do paciente, pode ser o primeiro passo para reconstruir o equilíbrio interno.
A missão da Zimny Magazine é contar histórias que importam e acolher dores que ninguém tem coragem de dizer em voz alta. Nesta matéria, abrimos esse espaço para lembrar: se você sente que está se perdendo de si mesmo nesta nova terra, você não está sozinho.
A dor é real. Mas há caminhos. E há vida do outro lado da adaptação
Se você é brasileiro e vive nos EUA, procure apoio. Pergunte. Converse. Cuide. Sua saúde mental também imigrou e ela precisa de você agora.