A decisão de deixar o Brasil em busca de novas oportunidades nos Estados Unidos é, muitas vezes, um ato de coragem. Mas o processo de imigração também pode trazer marcas silenciosas, especialmente para mulheres.
Um estudo recente analisou as vulnerabilidades que afetam a saúde de mulheres imigrantes, revelando que, além dos desafios econômicos e legais, o impacto emocional e psicológico é profundo e, muitas vezes, negligenciado.
Saúde mental: a parte da imigração que quase ninguém vê
Ansiedade, tristeza, insegurança, medo e exaustão são sentimentos frequentes entre mulheres imigrantes. Esses efeitos são intensificados por fatores como:
- Falta de rede de apoio
- Barreiras de idioma
- Situação migratória irregular
- Desigualdade de gênero
- Racismo e xenofobia
- Dificuldade de acesso à saúde mental
Segundo o estudo, muitas mulheres sentem que precisam ser fortes o tempo todo, sustentando famílias, enfrentando múltiplos trabalhos e lidando com a distância dos filhos, dos pais ou da própria identidade.
“É como se eu estivesse sempre em modo de sobrevivência. Não posso parar pra sentir, porque tudo depende de mim.”
A solidão de recomeçar
Mesmo quando conseguem trabalho e moradia, muitas imigrantes vivem uma solidão difícil de explicar. Não se sentem parte da nova cultura, mas também já não pertencem mais à antiga.
Essa sensação de desenraizamento pode desencadear quadros depressivos, crises de identidade e falta de propósito.
Além disso, a sobrecarga de funções – mãe, profissional, dona de casa, cuidadora – é naturalizada, o que agrava a pressão psicológica.
E quando o corpo começa a falar?
Muitas vezes, o sofrimento mental aparece como dores no corpo, insônia, alterações no apetite ou cansaço extremo.
Esses sinais podem ser ignorados ou tratados apenas com medicação, sem que se olhe para o que está por trás: o impacto emocional da experiência migratória.
Cuidar da mente também é autocuidado
É essencial que mulheres imigrantes reconheçam seus limites e busquem espaços de acolhimento emocional. Seja por meio da terapia (inclusive online e em português), grupos de apoio, atividades comunitárias ou trocas com outras mulheres na mesma vivência, é possível construir caminhos mais leves.
A saúde mental precisa deixar de ser um tabu entre quem imigra. Cuidar da mente não é luxo, é sobrevivência com dignidade.
Onde buscar ajuda nos EUA
- Terapia online em português (ex: Zenklub, Psicologia Viva)
- ONGs e grupos de apoio para imigrantes (ex: Brazilian Worker Center, MAPS)
- Comunidades religiosas e centros culturais brasileiros
- Plataformas como Latinx Therapy e Inclusive Therapists (com busca por idioma)
Se você está passando por um momento difícil, saiba: você não está sozinha. Falar sobre saúde mental é um ato de resistência e de cuidado com a mulher que você é.