Senadora Elizabeth Warren alerta que tarifas, cortes de impostos e desregulamentação podem precipitar nova crise nos EUA
No início da semana, em seu escritório no Senado, a senadora Elizabeth Warren (D-Mass.) voltou a comparar o cenário econômico atual ao período que antecedeu a crise de 2008. Para Warren, as tarifas protecionistas, os cortes de impostos e a ampla desregulamentação são os ingredientes de um “caldo tóxico” que, basta um empurrão a mais, pode levar a economia americana a um novo crash.
Na visão da senadora, as tarifas elevam o preço de bens importados, pressionando o bolso dos consumidores. Ao mesmo tempo, as empresas postergam investimentos, enquanto o crédito se torna mais caro e restrito. Na área fiscal, cortes profundos – principalmente em incentivos corporativos – reduzem a arrecadação e aumentam o endividamento dos EUA. Já as mudanças nas regras do sistema financeiro, alvo de flexibilização sob a administração Trump, enfraquecem a proteção contra empréstimos de risco.
Donald Trump e seus assessores têm descartado as previsões de crise, lembrando que, desde o início de seu mandato, o S&P 500 alcançou novos recordes e o desemprego se mantém em níveis historicamente baixos. Mas Warren ressalta que indicadores de confiança de consumidores e empresários já apontam para uma desaceleração que pode se agravar com a passagem dos efeitos das tarifas para a inflação de bens de consumo.
Para apresentar sua proposta de alternativa, Warren fará nesta quarta-feira um discurso no Exchequer Club de Washington. Seu plano defende investimentos em moradia, educação, saúde e creche, financiados pela reversão de isenções fiscais concedidas a grandes corporações. “Investimos demais em Wall Street. É hora de investir em famílias americanas”, afirmou a senadora.
Warren compara sua trajetória acadêmica – quando alertou para as fragilidades do sistema financeiro antes de 2008 – à sua atuação no Senado, especialmente como líder democrata na Comissão de Bancos. Em audiências e cartas enviadas a agências federais, ela tem cobrado transparência e fortalecimento das regras que regem o setor financeiro.
Embora reconheça que ninguém prevê exatamente quando a próxima crise pode acontecer, Warren adverte: “A combinação dessas políticas nos deixa vulneráveis a um choque que não podemos ignorar.” Ao detalhar seu diagnóstico, ela busca reposicionar o debate econômico e propor uma visão focada no fortalecimento da classe média, em oposição ao modelo de benefícios tributários e desregulamentação para grandes empresas.
