Chegou aquela época do ano novamente em Massachusetts — e em mais 40 estados — quando, ao cair da noite, os moradores ajustam os relógios e o eterno debate sobre o horário de verão ressurge.
Neste fim de semana, o estado volta ao horário padrão, atrasando os relógios em uma hora. A medida, válida em 48 dos 50 estados, reacende a discussão sobre a real necessidade de mudar o relógio duas vezes por ano.
Por que mudamos os relógios?
O conceito de horário de verão foi adotado nos Estados Unidos em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, como forma de economizar combustível e direcionar mais energia ao esforço de guerra.
Após o conflito, a prática foi suspensa, retomada na Segunda Guerra Mundial e, desde 1966, regulamentada pela Lei do Horário Uniforme, que define as datas de início e fim do horário de verão.

Hoje, o sistema segue o padrão definido em 2007: começa no segundo domingo de março e termina no primeiro domingo de novembro.
Mas, com os avanços tecnológicos e novas rotinas de trabalho, muitos acreditam que a prática perdeu o sentido.
Estados que resistem à mudança
Nem todos os estados participam do ritual. O Arizona e o Havaí optaram por permanecer no horário padrão durante todo o ano, amparados por uma cláusula da lei federal.
No Arizona, o calor extremo foi o argumento principal: manter o sol alto até as 21h dificultava as atividades noturnas.
Já o Havaí, por ter pouca variação de luz ao longo do ano, nunca viu necessidade de aderir.
O que pensa Massachusetts?
Em Massachusetts, a discussão sobre abolir as trocas de horário ganha força a cada ano.
Em 2017, uma comissão especial do estado chegou a recomendar que Massachusetts adotasse permanentemente o horário de verão, especialmente para aproveitar melhor a luz do dia e reduzir o consumo de energia no inverno.
No entanto, o governo estadual decidiu não avançar sem coordenação regional. A principal preocupação era o impacto no comércio e na vida cotidiana, já que vizinhos como Rhode Island, New Hampshire e Connecticut continuariam com horários diferentes por parte do ano.

Atualmente, o sistema segue o padrão definido em 2007: começa no segundo domingo de março e termina no primeiro domingo de novembro.
Mas, com os avanços tecnológicos e novas rotinas de trabalho, muitos acreditam que a prática perdeu o sentido.
O senador Ed Markey, que coautorou o primeiro projeto de lei sobre o tema em 1986, continua sendo um dos principais defensores da mudança em nível nacional. “A ciência e o bom senso mostram que o horário de verão permanente beneficia a economia, a saúde e o bem-estar das pessoas”, declarou recentemente.
O impasse em Washington
Em março de 2022, o Senado aprovou por unanimidade a Lei de Proteção da Luz Solar (Sunshine Protection Act), que tornaria o horário de verão permanente em todo o país.
Porém, três anos e meio depois, o projeto segue parado na Câmara dos Representantes, sem sanção presidencial.
O senador Rick Scott (Flórida) apoia a mudança, alegando que “os americanos estão cansados de ajustar os relógios duas vezes por ano”.
Por outro lado, opositores como Tom Cotton (Arkansas) alertam que a mudança traria manhãs escuras demais no inverno, prejudicando crianças e trabalhadores.
Enquanto isso, em Massachusetts…
Neste domingo, 2 de novembro, às 2h da manhã, os moradores de Massachusetts devem atrasar seus relógios em uma hora.
Enquanto alguns celebram uma hora extra de sono, outros lamentam o pôr do sol que virá cada vez mais cedo — às 4:30 da tarde em muitas cidades.
A cada outono, o debate se repete: vale a pena continuar mudando o tempo?
Por enquanto, o relógio segue girando — mas a paciência dos americanos com essa tradição parece estar se esgotando.
