Mais de 1.600 Protestos Contra Trump e Seus Cortes em Direitos Sociais
Os Estados Unidos serão palco de uma das maiores mobilizações políticas da década. Em mais de 1.600 locais, manifestantes se organizarão contra as políticas de imigração do presidente Donald Trump e os cortes agressivos em programas como o Medicaid, um ataque direto ao que resta da rede de proteção social do país.
Sob o lema “Good Trouble Lives On”, o dia nacional de ação homenageia o legado do congressista e ícone dos direitos civis John Lewis. As manifestações devem ocorrer em ruas, tribunais e espaços públicos, com a convocação para que todas sejam pacíficas. Mas o clima é de tensão.
“Estamos vivendo um dos momentos mais aterrorizantes da história da nossa nação,” afirmou Lisa Gilbert, copresidente da organização Public Citizen, durante uma coletiva online. “Estamos enfrentando um crescimento alarmante do autoritarismo dentro do próprio governo, com nossos direitos e liberdades sendo desmantelados à luz do dia.”
As maiores manifestações estão previstas para Atlanta, St. Louis, Oakland e Annapolis, com Chicago liderando como cidade-sede da mobilização. Lá, a multidão deverá se reunir no centro da cidade, com discursos, DJ e uma vigília à luz de velas em memória de Lewis.
John Lewis, falecido em 2020, foi um dos últimos líderes vivos do movimento pelos direitos civis liderado por Martin Luther King Jr. Em 1965, aos 25 anos, Lewis marchou à frente de 600 manifestantes pela ponte Edmund Pettus, em Selma (Alabama), e foi brutalmente espancado pela polícia. A cena mudou a história americana e pressionou o Congresso a aprovar a histórica Lei dos Direitos de Voto.
A frase de Lewis ecoa nas ruas até hoje:
“Cause boas encrencas, encrencas necessárias, para resgatar a alma da América.”
Raids, mortes e militares nas ruas
Os protestos ganharam ainda mais força após os polêmicos raids imigratórios em fazendas de maconha na Califórnia, que resultaram em confrontos, dezenas de detenções e até uma morte. O episódio foi marcado por uma ação federal considerada desproporcional e caótica.
Desde então, o governo Trump intensificou o uso da Guarda Nacional para proteger agentes de imigração, especialmente em cidades democratas como Los Angeles, onde milhares de pessoas saíram às ruas.
A repressão culminou no protesto “No Kings” de 14 de junho, quando milhões marcharam de costa a costa contra o que chamam de “autoritarismo presidencial disfarçado de patriotismo”.
Se depender do espírito de John Lewis, a mensagem é clara: lutar por justiça nunca sai de moda, mesmo que seja preciso causar “boas encrencas” no processo.
