Protestos contra o turismo em excesso se espalham pela Europa. Da Espanha à Itália, moradores reclamam de cidades superlotadas, preços inflacionados e bairros cada vez mais voltados apenas a visitantes. Em Veneza, Barcelona e Palma de Maiorca, o descontentamento já se traduz em manifestações, restrições a cruzeiros e até bloqueio a aluguéis de curta duração.
Especialistas alertam que o problema vem de uma combinação explosiva: companhias aéreas de baixo custo e plataformas como o Airbnb ampliaram o acesso às viagens baratas, atraindo multidões e pressionando moradores. Muitos perderam suas casas, viram preços dispararem e afirmam que suas cidades estão se transformando em “parques temáticos para turistas”.

Em Palma, autoridades criaram um fundo milionário para retirar de circulação hotéis antigos e limitar o turismo de baixo custo. A meta é atrair viajantes que respeitem a cultura local. Barcelona e Veneza também adotaram medidas para conter a enxurrada de visitantes, como taxas extras e limitação de cruzeiros.
“Queremos visitantes que respeitem nosso modo de vida. Se não for assim, não precisamos de você”, resumiu o diretor de turismo de Palma. Já críticos como Noel Josephides, veterano do setor, afirmam que a indústria ignorou os alertas e agora enfrenta os efeitos de décadas de crescimento descontrolado.
Para estudiosos, a saída passa por “colocar os moradores no centro da estratégia turística”. Caso contrário, cidades históricas podem perder sua identidade e se transformar em espaços sem vida local, apenas vitrines para fotos e consumo.

