Quem é você agora, vivendo na América? Reconstruindo a autoestima e a identidade

Na última semana, falamos sobre o medo e a necessidade de preparo em tempos de fiscalização. Foi um alerta importante, mas hoje quero te convidar para algo diferente: olhar para dentro.

Porque, mais do que sobreviver lá fora, existe uma batalha silenciosa acontecendo dentro de nós: a de se reencontrar em meio a tantas mudanças. Talvez, assim como eu, você também já se perguntou em silêncio:

“Quem sou eu agora, vivendo na América?”

Quando a identidade se perde no caminho

No Brasil você tinha um nome, uma profissão, uma história.

Era reconhecido pelo que fazia, pelo lugar de onde vinha, pelo sobrenome que carregava.

Aqui, muitas vezes, tudo isso parece se diluir.

Você passa a ser chamado não mais pelo que é, mas pelo que faz: imigrante, cleaner, helper, plumber, carpenter, delivery.

Rótulos que reduzem a complexidade da sua história.

E, pouco a pouco, isso vai mexendo com a sua autoestima.

Você não deixou de ser quem você é

É importante lembrar: a mudança de país não apaga sua essência.

O que você conquistou, as habilidades que você tem, sua fé, sua história: nada disso ficou para trás.

Reconstruir a autoestima não é voltar ao passado; é aprender a ser você de novo em um país diferente, com oportunidades novas e posições de trabalho que podem não ser as mesmas de antes.

Essa fase é, na verdade, um convite para se redescobrir.

É aqui que pode estar o ponto da sua virada: enxergar que sua identidade não se limita ao que você faz, mas à força, à coragem e à capacidade de se adaptar e seguir uma nova vida.

Quero compartilhar com você 5 formas de reconstruir sua autoestima e identidade:

1. Entenda que a posição de trabalho não é a sua identidade. Ser cleaner, delivery ou helper é o que você faz hoje, mas não define quem você é.
   
2. Reconheça o que já conquistou. Olhe para as novas habilidades que você desenvolveu: talvez hoje você saiba administrar melhor seu tempo, falar uma nova língua, negociar em outro sistema, sustentar sua família em um novo país.
   
3. Aceite que errar no inglês faz parte do processo. Isso não diminui a sua inteligência nem o seu valor. Errar significa que você está aprendendo.
   
4. Redefina o que significa sucesso para você neste momento. O sucesso pode ser: manter sua família segura, pagar suas contas, aprender uma palavra nova por dia, assim como desenvolver uma nova profissão, se reinventar em outra área ou até mesmo se tornar empresário. Pequenos passos já são grandes vitórias.
   
5. Mantenha as suas memórias vivas e o que te conecta com quem você é. Não deixe que a correria apague suas raízes. Prepare o arroz com feijão no domingo, mantenha uma foto da família à vista, escute aquela música que te lembra de casa, ligue para alguém que te faz sentir parte. Esses gestos simples lembram que você continua sendo você, mesmo vivendo em outro país.

Você não perdeu quem você é.

Você apenas está em transformação.

E o mais incrível dessa fase é perceber que se refazer também é uma forma de reconstruir uma nova vida.

Com coragem e paciência, você pode voltar ao centro de quem você é e, daqui para frente, viver não apenas como quem sobrevive, mas como quem pertence.

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Talvez o que você viveu também possa ajudar outras pessoas a não se sentirem sozinhas no caminho.