O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu neste domingo para Nova York acompanhado de sete ministros. A viagem tem como foco a 80ª Assembleia Geral da ONU e reúne prioridades da política externa brasileira: clima, a crise humanitária na Palestina e negociações multilaterais sobre segurança e desenvolvimento. A comitiva foi reduzida após restrições de circulação impostas por autoridades dos EUA, que também motivaram a ausência do ministro da Saúde.
A redução e a seleção da comitiva ocorrem em meio a um momento de tensão diplomática entre Brasil e EUA, com episódios recentes sobre tarifas e divergências em fóruns multilaterais. A presença de ministros ligados ao clima e aos direitos dos povos indígenas indica estratégia clara: colocar o Brasil em posição de protagonismo nas negociações ambientais que antecedem a COP30, marcada para Belém em novembro.
Quem vai com Lula
Mauro Vieira (Relações Exteriores)
Camilo Santana (Educação)
Marina Silva (Meio Ambiente)
Márcia Lopes (Mulheres)
Jader Barbalho (Cidades)
Sônia Guajajara (Povos Indígenas)
Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública)
Motivos da viagem e agenda

A 80ª Assembleia Geral da ONU ocorre entre 22 e 24 de setembro. Na agenda do presidente estão discursos e encontros bilaterais para reforçar pautas brasileiras: ação climática e preparação para a COP30, respostas à crise humanitária na Palestina e diálogos sobre desenvolvimento e segurança internacional. A composição da comitiva privilegia áreas que podem consolidar parcerias técnicas, financeiras e científicas para projetos ambientais e sociais.
Vistos e restrições: o caso Padilha
A comitiva sofreu alterações após a decisão do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de não embarcar. Em carta dirigida a países membros da OPAS, Padilha afirmou ter sido informado que sua liberdade de circulação em Nova York seria limitada “a poucos quarteirões”. Segundo o ministro, isso contraria o chamado Acordo de Sede (o acordo entre a ONU e os EUA que regula o funcionamento do quartel‑general e prevê facilidades para a atuação de delegações), que garante aos representantes da organização liberdade de movimento para atividades ligadas à ONU.
Autoridades norte-americanas citam procedimentos de segurança e controle como justificativa para restrições temporárias; o episódio tende a alimentar discussões sobre tratamento a delegações estrangeiras.
Implicações práticas
A viagem combina oportunidade diplomática e alerta sobre fragilidades institucionais nas relações bilaterais. No curto prazo, esperamos desdobramentos em negociações multilaterais e possíveis repercussões nos trâmites consulares. No médio prazo, a ênfase em clima e povos indígenas pode abrir caminhos para financiamentos e parcerias para projetos ambientais e culturais.
