Há nove meses em vigor, a lei que obriga a coleta seletiva de resíduos têxteis em toda a União Europeia já expõe um grande desafio: o que fazer com o volume crescente de roupas e tecidos recolhidos? Enquanto países e empresas correm para se adaptar, a iniciativa ReHubs acelera seus planos para construir uma infraestrutura de reciclagem em larga escala, tornando-se uma peça fundamental para evitar que a nova regulamentação crie uma crise de resíduos.
Da Lei à Realidade: O Aumento do Volume de Resíduos

Desde 1º de janeiro de 2025, os sistemas de coleta municipais e as empresas de gestão de resíduos têm reportado um aumento significativo no volume de têxteis recebidos. A medida, criada para combater o desperdício da moda e promover a sustentabilidade, está testando os limites da infraestrutura existente, que ainda não está preparada para processar essa quantidade de material de forma eficiente. O risco é que toneladas de roupas, em vez de serem recicladas, acabem em aterros ou incineradores, indo contra o objetivo principal da lei.
ReHubs: Acelerando a Construção da Economia Circular
É neste cenário de urgência que a ReHubs, uma iniciativa apoiada por gigantes da indústria como a Inditex (Zara) e a Decathlon, ganha protagonismo. O projeto, que visa processar 2,5 milhões de toneladas de resíduos têxteis anualmente até 2032, está acelerando a busca por 5 a 6 bilhões de euros em investimentos para implantar centros de reciclagem em grande escala. O objetivo é criar um sistema robusto que possa absorver o fluxo de materiais, transformando o que hoje é um problema logístico em matéria-prima valiosa para uma nova geração de produtos.

Triagem Inteligente: O Primeiro Passo para a Reciclagem
Um dos maiores gargalos para a reciclagem é a separação dos diferentes tipos de tecidos e fibras. Para enfrentar essa questão, projetos paralelos se tornaram essenciais. A iniciativa “Sorting for Circularity”, por exemplo, tem trabalhado para mapear e harmonizar as tecnologias e processos de triagem em toda a Europa, criando um padrão que permite separar os materiais de forma automatizada e eficiente. Os resultados desse projeto são vitais para alimentar os futuros centros da ReHubs com matéria-prima de qualidade, garantindo a viabilidade da reciclagem fibra a fibra.
O Futuro da Moda é Agora
A pressão não está apenas sobre os governos, mas também sobre as marcas, que agora são legalmente incentivadas a se responsabilizar pelo ciclo de vida completo de seus produtos. O momento atual representa um ponto de inflexão para a indústria da moda, e essa onda de mudança iniciada na Europa sinaliza o futuro para os Estados Unidos.
Na prática, as adaptações que as marcas globais fazem para o mercado europeu tendem a gerar um efeito dominó, influenciando o design e a composição dos produtos que chegam às prateleiras americanas. O sucesso de iniciativas como a ReHubs, portanto, não apenas resolverá um problema de resíduos na Europa, mas também impulsionará um padrão global de inovação e consolidará um modelo de economia circular.
